ATA DA DÉCIMA PRIMEIRA SESSÃO SOLENE DA SEGUNDA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA PRIMEIRA LEGISLATURA, EM 30.06.1994.
Aos trinta dias do mês de junho do ano de mil novecentos e noventa e quatro reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Décima Primeira Sessão Solene da Segunda Sessão Legislativa Ordinária da Décima Primeira Legislatura. Às quatorze horas e trinta minutos, constatada a existência de “quorum”, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos da presente Sessão, destinada a homenagear os quinze anos de fundação do Hospital Mãe de Deus, de acordo com o Requerimento nº 117/94 (Processo nº 1032/94) de autoria do Vereador Eliseu Santos. Compuseram a Mesa: O Vereador Clóvis Ilgenfritz, 2º Vice-Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre no exercício da Presidência, a Irmã Alice Milani, Presidente do Hospital Mãe de Deus, o Senhor Sérgio Fernando Chaves, Representante da Procuradoria Geral de Justiça, a Senhora Ana Boll, Coordenadora do Conselho Municipal de Saúde e representante do Senhor Prefeito Municipal, o Senhor Cláudio Seferin, Diretor Executivo do Hospital Mãe de Deus, o Senhor Firmino Cardoso, representante da Associação Riograndense de Imprensa e o Vereador Eliseu Santos, Secretário “ad hoc” destes trabalhos. A seguir, o Senhor Presidente convidou a todos para, em pé, assistirem à execução do Hino Nacional. A seguir, o Senhor Presidente concedeu a palavra aos Vereadores para que se manifestassem sobre a presente homenagem. O Vereador Eliseu Santos, em nome das Bancadas do PDT, PMDB, PC do B, PP, PPS, PSDB e PT, lembrou o tempo em que prestava assistência médica aos trabalhadores que construiam o Hospital Mãe de Deus, lembrando a figura da Irmã Giacomina Veronezzi na consolidação desse Hospital. Congratulou-se com todo corpo profissional do Hospital Mãe de Deus, desejando-lhe prosperidade. A seguir, o Senhor Presidente registrou recebimento de telegrama da Senhora Vanda Rodrigues comunicando sua impossibilidade de comparecer à presente homenagem e também, registrou a presença das Irmãs da Congregação de São Carlos Barromeu Scalabriana. O Vereador Jocelin Azambuja, em nome da Bancada do PTB, disse que o Hospital Mãe de Deus é um patrimônio de toda Cidade, lembrando que pilares da sociedade como saúde e educação estão abalados. Destacou o trabalho das irmãs no Hospital Mãe de Deus, agradecendo ao Hospital e parabenizando todo seu corpo profissional. O Vereador João Dib, pela Bancada do PPR, registrou que a Irmã Giacomina Veronezzi foi sua professora, declarando que gostaria que ela estivesse presente nesta homenagem. Declarou ser o Hospital ora homenageado um orgulho para todos, congratulando-se com as Irmãs pelo exemplar trabalho desenvolvido. O Vereador Reginaldo Pujol, em nome da Bancada do PFL, registrou ser o Hospital Mãe de Deus uma instituição modelar, lembrando, também, a alta qualidade e eficiência dos serviços lá prestados. Também, consignou que “amor cristão” é o que não falta na filosofia de trabalho desse Hospital. A seguir, o Senhor Presidente concedeu a palavra à Irmã Alice Milani que agradeceu a presente homenagem, dizendo que graças ao planejamento e a dedicação o Hospital Mãe de Deus consegue resistir à crise econômica e social. Às quinze horas e vinte minutos, nada mais havendo a tratar, o Senhor Presidente agradeceu à presença de todos e declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Reunião da Comissão Representativa, na próxima quarta-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelo Vereador Clóvis Ilgenfritz e secretariados pelo Vereador Eliseu Santos, como Secretário “ad hoc”. Do que eu, Eliseu Santos, Secretário “ad hoc” determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelos Senhores 1º Secretário e Presidente.
(Obs.: A Ata digitada nos Anais é cópia do documento original.)
O SR. PRESIDENTE (Clovis
Ilgenfritz):
É com muita honra e satisfação que se presta essa homenagem aos 15 anos de
fundação do Hospital Mãe de Deus, através do Requerimento nº 117/94,
encaminhado pelo Ver. Eliseu Santos. Convido para que façam parte da Mesa a
Exma. Sra. Irmã Alice Milani, Presidente do Hospital Mãe de Deus; Exmo. Sr.
representante da Procuradoria-Geral da Justiça, Sr. Sérgio Fernando Chaves;
Exma. Sra. Ana Boll, Coordenadora do Conselho Municipal de Saúde, representando
o Sr. Prefeito Municipal; Exmo. Sr. Cláudio Seferin, Diretor Executivo do
Hospital Mãe de Deus; e o Exmo. Sr. Representante da Associação Rio-grandense
de Imprensa, Jornalista Firmino Cardoso.
Convido a todos para que ouçamos o Hino Nacional.
(Executa-se o
Hino Nacional.)
Chamamos agora o Exmo. Sr. Ver. Eliseu Santos, proponente desta
homenagem pelos 15 anos de fundação do Hospital Mãe de Deus, que falará pelas
Bancadas do PDT, PMDB, PC do B, PP, PPS, PSDB e, eu pediria a V.Exa., que
falasse também em nome do Partido dos Trabalhadores, uma vez que sou orador e
estou presidindo, faço questão que V.Exa. me represente.
Com a palavra, o nobre Ver. Eliseu Santos.
O SR. ELISEU SANTOS: (Saúda os componentes da
Mesa e demais presentes.) É com satisfação e muita honra que falo em nome de um
grupo de Pares desta Casa, Falar sobre o Hospital Mãe de Deus é remexer um
pouco com algumas lembranças da minha vida.
O primeiro trabalho que executei como médico foi trabalhando na empresa
de engenharia CEFA, do Engenheiro Vítor Furmeister. Eu trabalhava dando
assistência médica aos funcionários que estavam erguendo o Hospital Mãe de
Deus. E, naqueles corredores, em meio a argamassa, tijolos e cimento, existia
uma pessoa muito querida: A Irmã Albina, para poucos; mas para muitos, a Irmã
Giacomina Veronezzi. Uma pessoa incansável que dedicou sua vida para que aquele
sonho se tornasse realidade. Aprendi a admirar aquela Irmã que não media esforços
para que o Hospital Mãe de Deus, um dia, fosse o que é hoje. Muitas vezes,
conversando com ela, ela me dizia que tinha que ligar para um político, tinha
que falar com um Ministro, tinha que buscar verbas. Aquela Irmã trabalhava; e o
Hospital ia crescendo. O parto do Hospital foi um pouco demorado. Ele
iniciou-se com uma idéia e foi-se transformando, pelo idos de 1950, no
Instituto de Neurologia e, mais tarde, um grupo de sonhadores ergueu, naquele
local, o prédio que hoje é orgulho da Cidade: o Hospital de atendimento do
nosso povo. Com o passar do tempo, esse Hospital foi crescendo. Foi inaugurado
o ambulatório, em 1965, com poucos médicos, todos colegas. O povo olhava aquele
crescimento lento com dúvidas: será que vai, será que não vai. Mas o passo era
firme e certo. Em 1979, nasceu o filho esperado, nasceu o Hospital Mãe de Deus.
Quero lembrar o carinho com que era citado o nome Família Zamprogna. Família
que estava, lado a lado, nesta caminhada dedicando-se ao sonho, que hoje é uma
realidade: o Hospital Mãe de Deus. Mas quero falar de um aspecto mais
espiritual. Falar dos equipamentos, das inaugurações, dos andares que,
paulatinamente, foram construídos, é falar da história do Hospital Mãe de Deus.
Mas tem algo, muito importante, que está marcado na lembrança e no coração de
muitas pessoas: a filosofia do Hospital Mãe de Deus. A Irmã Giacomina e eu, um
dia, conversávamos sobre uma passagem bíblica: a parábola do bom Samaritano.
Nós, que conhecemos esta parábola, sabemos que o Sacerdote, que era uma autoridade
religiosa, passou de largo, deixando uma pessoa ferida, machucada. O Levita,
também, uma autoridade, naquele local, passou deixando a pessoa ferida, sem
dar-lhe assistência. Mas aí passou o bom samaritano, juntando e tratando aquela
pessoa. Eu trago esta homenagem e lembrança a todas as irmãs, a todas as boas
samaritanas. A Irmã Giacomina que deu a sua vida para que o Hospital Mãe de
Deus fosse um exemplo de assistência médica para a população de Porto Alegre.
Eu tenho certeza absoluta que esse espírito de solidariedade, de cristianismo,
é o espírito que hoje norteia o pensamento das irmãs, da Direção e dos médicos
que dirigem este Hospital. Eu tenho certeza que a herança desse espírito
permanece. Essa herança que eu ouvi, que eu conversei. Como estudioso da
Bíblia, eu conversei muitas vezes com a Irmã Giacomina.
Eu quero parabenizar todos os componentes do Hospital Mãe de Deus, seus
médicos, a área de enfermagem, funcionários burocratas, desde o mais humilde
até o mais graduado, que têm demonstrado à população de Porto Alegre e ao povo
do Rio Grande, até os pacientes aqui da América do Sul, que têm buscado não só
uma assistência médica no Hospital Mãe de Deus, mas um carinho e um amparo
espiritual.
Eu desejo, neste momento, reverenciar a memória daquela pessoa tão
querida, a Irmã Giacomina, e desejar que Deus continue abençoando a todos os
Senhores e todos os componentes dessa grande família. Foi um sonho que se
tornou realidade. Que Deus dê forças e saúde a todos. Que nós consigamos cada
vez mais, aumentar o espírito cristão dentro de nós, para que como bons
samaritanos, possamos ajudar àquelas pessoas que tanto necessitam de uma
assistência médica digna e competente num País como o nosso. Muito obrigado.
(Revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Temos a satisfação de
registrar a presença das Irmãs da Congregação de São Carlos Barromeu
Scalabriana, coordenadores, chefes, médicos, funcionários, convidados e amigos
do Hospital Mãe de Deus.
Também registramos um telegrama recebido pelo Presidente da Casa, Sr.
Luiz Braz, da parte da Sra. Vanda Rodrigues, contendo o seguinte texto. (Lê.)
“Lamento profundamente não poder comparecer a homenagem ao Hospital Mãe de
Deus, por motivo de saúde. Sensibilizada, agradeço”.
O Ver. Jocelin Azambuja está com a palavra, pelo PTB.
O SR. JOCELIN AZAMBUJA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa.) O nosso Vice-Líder da Bancada e
Presidente da Comissão de Saúde desta Casa, o nobre Ver. Eliseu Santos, foi
muito feliz quando propôs esta homenagem ao Hospital Mãe de Deus, que é, acima
de tudo, um patrimônio de toda a Cidade de Porto Alegre.
No momento em que a saúde vive uma crise das mais difíceis, em que os
pilares para o desenvolvimento da nossa sociedade, que são justamente a saúde e
a educação, estão seriamente comprometidos, o trabalho que o Hospital Mãe de
Deus faz, ao longo dos anos, é importante para todos nós. Eu tenho uma relação
muito particular com o Hospital Mãe de Deus, porque moro, há 15 anos, ao lado
do Hospital, moro na Rua Ribeiro Cancela, que fica entre a Barbedo e a Costa,
no fundo do Hospital. E também acompanhei, ao longo dos anos, o
desenvolvimento, o crescimento do Hospital, o trabalho abnegado de todas as
Irmãs, de todo o pessoal envolvido com o Hospital, tanto na sua área
administrativa, quanto no seu corpo Médico. Tive oportunidade, ainda - na minha
época de Faculdade de Direito, exercia a profissão de Propagandista de
Laboratório - de visitar no Ambulatório vários Médicos, hoje, alguns meus
colegas, outros meus clientes, o Dr. Crocco, que era um dos que eu visitava, e
assim tive a felicidade de acompanhar esse trabalho do Hospital Mãe de Deus,
que representa muito, hoje, para Porto Alegre, porque o hospital vem crescendo
e se desenvolvendo. Aquela ala nova que está sendo construída para dar melhor
atenção àqueles que procuram o hospital, enfim, procura fazer com que as
pessoas que ficam doentes tenham um pouco mais de dignidade ao serem atendidas.
Essa crise que a saúde enfrenta entristece a todos nós e nos deixa
aflitos, porque o número de leitos diminui a cada ano. O nosso povo cada vez
menos recebe atenção para com a saúde. O nosso povo está cada vez mais
marginalizado. As pessoas morrem porque não se consegue dar atendimento. Isso
jamais poderia acontecer numa sociedade. Isso jamais poderia ser admitido por
nós. Nós temos que ver todas as formas de entusiasmar pessoas como vocês, que
administram o hospital. Essas irmãs, tão abnegadamente, ao longo da suas vidas,
têm dedicado todos os seus momentos para fazer a instituição crescer, como
tantos outros hospitais neste Estado e neste País, que são, pelo espírito
cristão, levado à frente contra todos os descansos governamentais, contra toda
a desestruturação governamental deste País, contra toda a desestruturação da
saúde pública. Mas nós precisamos desse voluntariado, abnegação, dedicação,
para podermos fazer aquilo que Cristo nos disse: praticarmos os ensinamentos,
darmos a vida, garantir a vida, para podermos ser justos com nossos irmãos,
para simplesmente não sermos aqueles que falam, mas não praticam. É importante
o trabalho das irmãs.
Eu me criei no Bairro Nonoai, na frente da chácara das Irmãs da
Congregação do Sévigné. Passava os fins-de-semana com elas, e me acostumei a ir
com minha mãe todos os dias na missa da capela, reunidos. Eu me acostumei com
esse voluntariado, esse espírito cristão de doação que essas mulheres
maravilhosas têm, e que têm dado tanto a nossa sociedade, e que nós precisamos
prestigiar, estimular, dizer a vocês que somos muito agradecidos como
sociedade. Mas precisamos que muitos outros mais se associem nesse processo,
para que muitos outros irmãos e irmãs sejam, realmente irmãos e irmãs, e
pratiquem os ensinamentos de Deus; que nos mostrem os caminhos e que façamos
com que os nossos irmãos possam ter o mínimo que podemos-lhes dar a sua saúde,
que é o nosso amor, a nossa atenção.
Nesse sentido, sinto-me feliz de ver que o Hospital Mãe de Deus tem
cumprido com a sua missão, tem cumprido com a sua finalidade, tem ampliado seus
serviços, tem dado condições para que as pessoas ali possam ser tratadas
dignamente. E, tenho certeza que essas irmãs e que todos esses irmãos que ali
trabalham poderão fazer muito mais ainda pela saúde, poderão abrir muitos
outros empreendimentos, para que possibilitem ao nosso povo ter um pouco de
saúde, ter um pouco de dignidade, ter a certeza de que, pelo menos, não
morrerão em filas ou desatendidos. Isso acho que é muito importante. Por isso
que a minha homenagem é um pedido, um pedido para que mobilizem outras irmãs,
que mobilizem outros irmãos para que outras iniciativas como esta dêem frutos,
e que consigam realmente tornar a nossa vida um pouco melhor. Parabéns! Muito
obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib está com a
palavra pela sua Bancada, o PPR.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e os demais presentes.) Realmente,
estamos aqui reunidos para falar dos quinze anos do Hospital Mãe de Deus. Na
vida de uma moça é uma data extraordinariamente importante. Mas na vida de um
hospital, ela pode ter muitos significados. É difícil falar desses quinze anos
e, se me fosse permitido formular um desejo, eu gostaria de ver aqui a minha
querida professora, Irmã Maria Giacomina Veronezzi, para que ela pudesse analisar
duas vezes quinze anos: quinze anos que levou para construir o hospital e
quinze anos depois, o que está acontecendo naquele hospital.
Eu tenho absoluta convicção de que lá no céu ela está fazendo isso. Mas
o nosso egoísmo diz que nós gostaríamos muito mais que ela estivesse conosco
neste momento, para que ela sorrisse, nos alentasse e nos alegrasse, também,
pelas realizações, pelo que está acontecendo, por tudo aquilo que foi feito.
É difícil falar sobre a Irmã Giacomina Veronezzi; e falar sobre o
Hospital Mãe de Deus sem separar um do outro, porque há uma ligação tão
perfeita entre ambos que não tem como separar.
A nossa querida Irmã, a quem tive o orgulho, como Prefeito, de ter
concedido a medalha de Porto Alegre, fazia aquilo que Jean Cocteau disse. Ela
não sabia que era impossível, portanto, foi lá e fez. Para ela não tinha nada
impossível. Na verdade, o filósofo diz que é tão tênue a diferença entre o
impossível e o muito difícil que, de repente, nós não sabemos. Alguns acreditam
que seja impossível e não tentam; outros tentam e conseguem; outros tentam hoje
e não conseguem, mas amanhã as condições se alteram, e o impossível deixou de
ser impossível e passou a ser realizável. Mas para a Irmã tudo era realizável.
Não tinha nada difícil; não tinha encontro para marcar com o Senador, com o
Ministro, com o Presidente da Câmara, com o Prefeito, que fosse difícil; não
importava se tinha, ou não, horário no avião, ela dava um jeito e chegava na
hora.
Então, nós podemos ver que o trabalho dela e de todas aquelas pessoas
que acompanham, foi um trabalho maravilhoso. Lá no céu, ela deve estar vibrando
intensamente pelo que fez. O Hospital Mãe de Deus, para orgulho de todos nós,
não é um dos melhores do Rio Grande, não é um dos melhores do Brasil,
bem-equipado, atende perfeitamente bem. É um hospital que nos orgulha
imensamente e, particularmente, eu me sinto muito contente com a existência do
hospital, porque eu tenho só uma neta que nasceu no dia seis de janeiro deste
ano, no Hospital Mãe de Deus. Se a minha professora construiu o Hospital,
ajudada por muitos dos que aqui estão e por outros que aqui não estão, já me
ligava ao hospital, mas agora eu tenho a minha neta que, como já disse, nasceu
no Hospital Mãe de Deus. Eu quero dizer a todos aqueles que continuam o trabalho
da Irmã Maria Giacomina Veronezzi que não teria sentido se não tivesse tido
continuação, eu quero dizer que quinze anos é uma coisa muito pequena. É
difícil medir o tempo. O tempo, na realidade, não se sabe quando começa e
quando termina; eu acho que não começa e não termina, mas as obras estão aí
marcando o tempo. Então, todos os que seguem o trabalho da Irmã Maria têm o
dever de fazer com que aquela casa continue crescendo, atendendo cada vez
melhor os porto-alegrenses, os gaúchos e aqueles que aqui chegam, porque eu
creio que já vem gente de fora do Estado para ser atendida ali pelos modernos
serviços de Medicina, que lá estão sendo oferecidos. Eu tenho certeza de que a
própria Irmã Maria há de se preocupar com isso lá no céu, dando força para que todos
continuem fazendo o Mãe de Deus crescer. Os meus cumprimentos para todos os que
têm ajudado. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver.
Reginaldo Pujol que fala em nome de sua Bancada, o PFL.
O SR. REGINALDO PUJOL: Ilmo. Ver. Clovis
Ilgenfritz, neste ato presidindo esta Sessão Solene em que a Casa do Povo de
Porto Alegre homenageie os quinze anos de atividade do Hospital Mãe de Deus;
Srs. integrantes da Mesa, especialmente a Irmã Alice Milani, sucessora da Irmã
Maria Giacomina Veronezzi nessa memorável obra que a Cidade de Porto Alegre
reconhece oficial e oficiosamente, quer seja por atos públicos, como este que
hoje se realiza, ou como aquele que há alguns anos tive a oportunidade de
participar, quando dos festejos do 10º aniversário dessa modelar instituição
hospitalar; quer ainda em ocasiões outras em que também fomos privilegiados por
participar, quando no Salão Nobre do Município esta Cidade, por iniciativa do
então Prefeito Dr. João Antônio Dib, destacava o trabalho da Irmã Maria
Giacomina Veronezzi, outorgando-lhe, com justiça, a medalha Cidade de Porto
Alegre. Quem deveria ocupar a tribuna pelo Partido da Frente Liberal certamente
deveria ser o titular dessa liderança, o Ver. Jair Soares, meu particular amigo
e grande Líder, mas, por circunstâncias especialíssimas, teve que se deslocar
até a Capital Federal no dia de ontem, para cumprir tarefas impostergáveis.
Buscou realizá-las a tempo de retornar a esta Cidade em condições de estar
presente, hoje, nesta homenagem. Não logrou êxito e, frustrado no seu intento,
telefonou-me por volta do meio-dia, pedindo para que eu comparecesse a esta
Sessão e que falasse em nome do nosso Partido, em seu nome, homenageando o
Hospital Mãe de Deus, porque ele tinha e tem com o Hospital Mãe de Deus - hoje
com seus 15 anos, alcançando, por conseguinte, a maioria tão festejada pela
juventude - um carinho muito especial e uma atenção redobradíssima, e me disse:
“Reginaldo, tu não terás dificuldade nenhuma em saudar o Hospital Mãe de Deus,
que é uma instituição da Cidade e, se alguma dificuldade houver, vai ao meu
gabinete e encontrarás uma obra, ‘Os Dez Andares da Fé’, que o Jornalista André
Simas Pereira escreveu, quando dos festejos dos 10 anos de atividades do Hospital
Mãe de Deus”. E quando fui buscar esse compêndio, vi que o Dr. Jair Soares
tinha toda a razão de estar triste por não poder comparecer a este ato. Eu
vou-me permitir, inclusive, a fazer uma confidência: essa obra que tão
zelosamente o Ver. Jair Soares guarda em sua biblioteca pessoal, tem uma
dedicatória que vou ler, porque acho que resume, de forma muito expressiva, o
sentimento, o carinho e, sobretudo, a preocupação que o Dr. Jair tinha de que
estivéssemos presentes a esta homenagem; o que faríamos, evidentemente, com
toda a satisfação, como um dever irrecusável que têm todos aqueles que possuem
responsabilidades com a coisa pública nesta Cidade, de prestigiar, de louvar,
de enfatizar aqueles trabalhos que a comunidade como um todo, ou através de um
dos seus segmentos, realiza em prol da Cidade e da sua gente. Na primeira
página da obra “Dez Andares da Fé - História do Hospital Mãe de Deus”, eu leio
o seguinte: “Prezado Dr. Jair Soares. Desejamos, através deste livro, ao
recordar a incansável operosidade da Irmã Giacomina Veronezzi, reconhecer
também o mérito de todos aqueles que, como o senhor, colaboraram para que o
Hospital Mãe de Deus se tornasse uma realidade. Seu apoio, Dr. Jair, no
desempenho das altas funções do Ministério da Previdência e Assistência Social
e de Governador do Estado, destinando auxílios em benefício dessa obra,
contribuiu de forma expressiva para a existência dessa casa de saúde.Sirva esta
oportunidade para renovar os agradecimentos das Irmãs Carlistas, que continuam
a lembrar os benfeitores deste Hospital, pedindo a Deus que os recompense. Irmã
Alice Milani. Porto Alegre, cinco de março de 1991”. Eu estou autorizado a
dizer, em nome do Dr. Jair Soares, que esse agradecimento ele atribui ao
coração bondoso da irmã Alice Milani, porque os feitos que aqui lhe são
reconhecidos nada mais foram do que o reconhecimento de um homem público,
eventualmente investido em altas funções públicas, para com a obra extremamente
meritória que a Cidade de Porto Alegre conheceu, e que sabe que ela se desdobrou
desde seus alicerces pela dedicação, pelo entusiasmo, pelo desassombro até
possessivo de uma senhora, de uma religiosa que todos já reconheceram nesta
tarde. Por isso, ao me manifestar nesta ocasião, eu tinha até me proposto a
comentar alguns tópicos dessa obra, especialmente algumas colocações apostas à
obra pelo seu ilustre prefaciante, Desembargador Alaor Terra, mas não o farei.
Acho que mais do que repetir aquilo que vem sendo dito ao longo desses quinze
anos por quantos que reconhecem a grande obra realizada no Bairro Menino Deus,
por essas religiosas lideradas por essa tão idealista liderança, que tão
relevantes são os trabalhos e essa obra efetivada, que a repetição desses
conceitos já expressos em obras escritas, em estudos realizados, em solenidades
adequadas, a enaltecer a eloqüência desse trabalho, se tornaria uma repetição
enfadonha.
Então, eu me permitirei, tão-somente, ler um trecho do prólogo desta
obra, porque me parece que é fundamental o que aqui se coloca, quando se diz de
forma muito expressa, para que dúvidas não pairem a quantos vieram mais tarde a
conhecer a história do Hospital Mãe de Deus. O Mãe de Deus não é, como poderia
induzir a condição de um hospital de religiosas, um lugar onde a esperança da
busca de saúde é remetida para as soluções divinas: ao contrário, sua história
mostra o pioneirismo técnico e assistencial em casos como da instalação da
primeira unidade de dependentes químicos da América Latina em um hospital
geral; fato esse que data de 1984. Isso contribuiu para afastar o estima que
rondava o doente do alcoolismo e de outras drogas. Seus quinze anos para um
hospital não significam o seu ingresso na fase de infância institucional e nem
na adolescência, mas o Mãe de Deus, nesta década, nesses quinze anos de serviço
contém uma considerável bagagem de realizações, vencendo desafios, com certeza,
ainda se imporão ao lado do seu projetado crescimento. Nessas colocações eu
sintetizo as nossas homenagens, porque aliado à filosofia cristã, aliado ao
desejo de servir à comunidade, ao próximo, ao necessitado, ao doente e ao
enfermo, os idealizadores desta obra não titubearam, não vacilaram de dotá-la
de equipamentos técnicos adequados à realização dessa tarefa. E mais do que
equipamentos técnicos, buscaram e organizaram um competente corpo clínico que
conseguiu transformar, nestes quinze anos, o Hospital Mãe de Deus em um dos
mais eficientes e competentes hospitais do Rio Grande do Sul.
Então, eu gostaria de, homenagear a Irmã Alice Milani e o Diretor Executivo, que é médico, homenagear toda a sua equipe, todo o seu corpo de dirigentes, todos aqueles que lá labutam, na convicção de que esse ideal tão fortemente acalentado por essa figura central das nossas homenagens, que é a Irmã Maria Giacomina Veronezzi que não consegue se dissociar da história do Hospital Mãe de Deus. Esse corpo técnico, essa dedicação desses trabalhadores, essas pessoas que se vinculam ao dia-a-dia da atividade do Mãe de Deus, farão com que, Ver. João Dib, no céu, a nossa homenageada especial esteja muito feliz, sabendo que o seu sonho não só se realizou, como também, se multiplicou. E que Porto Alegre e o Rio Grande do Sul, dia-a-dia, ano-a-ano, momento-a-momento conhecem a obra e dela se valorizam, dela se valem e dela usufruem, como eu pessoalmente tive a oportunidade de constatar, através da hospitalização de vários familiares meus de alguns amigos muito queridos, muito fraternos, que tiveram, lá no Hospital Mãe de Deus a mitigação das suas dores, o tratamento adequado e, sobretudo, o carinho e o zelo que só o amor cristão pode oferecer. E amor cristão é que não falta na filosofia de trabalho do Hospital Mãe de Deus. A todos os Senhores a nossa homenagem. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A Irmã Alice Milani está
com a palavra.
A SRA. ALICE MILANE: (Lê.)
“Autoridades e demais pessoas antes designadas pelo ilustre
representante desta Casa, Ver. Eliseu Santos, autor da iniciativa que gerou
esta solenidade; Senhoras e Senhores. Aprove a Deus dar-me a honra de
representar o Hospital Mãe de Deus, neste momento tão importante de sua
história, quando completa 15 anos de atividades e recebe esta significativa
homenagem da Câmara de Vereadores de Porto Alegre. De meu gosto, porém,
preferiria que pudesse estar aqui a querida e saudosa Irmã Maria Giacomina
Veronezzi que idealizou e tornou realidade o nosso Hospital Mãe de Deus.
Gostaria que a Irmã Giacomina pudesse ver não apenas a evolução, o
desenvolvimento e o quanto o Hospital Mãe de Deus cresceu e se faz presente na
comunidade. Gostaria que ela pudesse ver e sentir, também, o reconhecimento que
a comunidade manifesta, a cada dia, diretamente no Hospital, e especialmente em
ocasiões como esta, que estamos tendo a alegria de viver. Enfim, gostaria que
ela pudesse constatar que foi o seu legado de líder, o seu ensinamento de
mestra que fez os resultados que até aqui alcançamos. O Hospital Mãe de Deus se
tornou, nestes 15 anos, um significativo instrumento de preservação e
recuperação da saúde para a população de Porto Alegre e do Rio Grande do Sul.
Recebemos, anualmente, mais de 10.000 pessoas para internação; fazemos mais de
mil cirurgias por mês; atendemos a mais de sessenta mil pessoas por ano em
nosso serviço de emergência; mantemos convênios com cerca de cinqüenta
entidades, abrangendo um universo que ultrapassa a Casa do meio milhão de
beneficiários. E, com a graça de Deus, fazemos tudo isso com um padrão de
qualidade num esforço de assegurar aos pacientes a melhor solução para seus
problemas de saúde. Temos satisfação naquilo que fazemos e no modo como o
fazemos; é a satisfação que vem da sadia contemplação do trabalho árduo e bem
realizado.
É muito difícil, para muitos, entender como é que, em meio a sucessivas
crises econômicas, o Hospital Mãe de Deus conseguiu evoluir permanentemente.
Posso afirmar que foi com trabalho, foi com planejamento, foi com realizações.
Uma administração profissional capaz de perseguir, obstinadamente, objetivos
predeterminados, um corpo clínico de alta capacitação médico-científica e um
corpo funcional bem estruturado e de qualificação técnico-profissional
indesmentível, com certeza têm sido responsáveis pela forma como tudo tem
acontecido. É imperativo de justiça que isso seja reconhecido. Porém, há um
fator que distingue e dá uma conotação especial ao trabalho de nosso hospital:
É a sua fundamentação filosófica. A Irmã Giacomina, nossa fundadora, nos deixou
princípios e verdades que, desde o início, foram entendidos e consagrados na
missão do Hospital, que é de ‘promover a adequada e eficiente assistência física
e espiritual, dentro da finalidade da Congregação, através de um eficiente
desempenho técnico-administrativo, do aperfeiçoamento dos recursos disponíveis
apoiados num relacionamento interpessoal, humano e cristão’. Tecnologia
avançada, temos sim. Desempenho técnico-administrativo eficiente, temos também.
Recursos humanos bem preparados, igualmente. Mas é o espírito cristão que
permeia nossos atos, e o amor de Deus que impregna nossa administração que
fazem a diferença, dando um sentido derradeiro e transcendental a essa obra da
Congregação das Irmãs Missionárias de São Carlos Borromeo, a que temos a honra
de pertencer. Irmã Giacomina não está mais conosco, pois o Senhor a chamou para
junto de si, há já dez anos. Mas, certamente, estaria muito feliz de estar aqui
hoje, Sr. Presidente, recebendo a homenagem da Câmara de Vereadores de Porto
Alegre, pelos 15 anos do Hospital Mãe de Deus.
E é na recordação e em memória da Irmã Giacomina, então, Sr.
Presidente, que, em nome de todos os colaboradores de nosso Hospital, apresento
aos integrantes desta Casa, de modo especial, ao ilustre Ver. Eliseu Santos,
que propôs a realização desse evento, bem como a Vossa Excelência, o nosso
agradecimento sincero e profundo pela manifestação pública e oficial de carinho
e reconhecimento a nossa Instituição. E lhes deixo registrado aqui, além de
nossa gratidão pela iniciativa, o nosso propósito de mantermos o Hospital Mãe
de Deus servindo à população de Porto Alegre, sempre com o espírito de serviço,
de dedicação e de entrega que é característica nossa.
Deus abençoe a todos os Senhores que integram esta Casa e nos dê a
força e a condição necessárias para que possamos sempre cumprir adequadamente
nossa missão. Muito obrigada.”
(Não revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: Como os Srs. e Sras. que
estão presentes nesta Sessão Solene puderam notar é uma Sessão repleta de
carinho, de homenagens, de simplicidade e de profunda emoção para quem, como
nós, tem a honra e a satisfação de neste momento presidir este trabalho.
É um exemplo esta comunidade que, através das irmãs, dos médicos, dos
enfermeiros, dos auxiliares de enfermagem, dos trabalhadores dos serviços
gerais, vem construindo essa obra.
Nós, mais uma vez, em nome dos 33 Vereadores, assim como fizeram os
oradores anteriores, queremos dar o nosso abraço e os nossos cumprimentos e
dizer que este exemplo há de ser seguido, até porque estamos precisando muito
melhorar as condições de saúde da população neste País. E este hospital, sem
dúvida, atendendo a mais de 60 mil pessoas, como foi dito, mais de dez mil
internações, é um exemplo fecundo, engrandecedor da nossa Cidade. E esta Câmara
não tinha outra coisa a fazer senão esta homenagem, através da idéia do Ver.
Eliseu Santos, que fica gravada para os nossos Anais e para a população de
Porto Alegre.
A todos o nosso abraço, nosso muito obrigado pela presença.
Está encerrada a presente Sessão Solene.
(Encerra-se a Sessão às 15h20min.)
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